Da tua boca aqui
Precisava da tua boca aqui
Para me segredar os gritos que não me deram
Precisava que não tivesses esquecido os mimos
E mos lambuzasses nos ouvidos
Como poemas que não me leram
Precisava da tua boca aqui
E enchê-la da minha boca
Encharcá-la de palavras livres e loucas
Dizer-te o que nunca escrevi
Contar-te a preceito a insanidade mais sôfrega
Precisava da tua boca aqui
Para afirmar as incoerências
Torná-las suaves, semi verdades, intransparências
Anuir crédula às promessas sabendo-as efémeras
Porém eternas, molhadas de incongruências
Precisava da tua boca aqui
Para me saciar do desejo
Humedecer os entre-lábios da memória
Do hiato renascer, retomar o fio à história
E perecer no ensejo do abraço do teu beijo
Precisava da tua boca aqui
Que a reinvento de passados futuros
Como corações de giz desenhados nos muros
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