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segunda-feira, abril 19, 2004

Garraiada

Sem arena, sem barreiras
Largada desenfreada
Rompe o peito em disparada
Massa humana desembestada
Sem resguardo de fronteiras
Ulula, proclama - já arde, inflama
Corre em rajada - o tudo ou o nada
Lambe as bancadas - são já fogueiras
E soa a trombeta na boca da sorte
Em tormento andarás até ao derrote
Mistura-se o sangue quente em papoulas
As chocas ladeiam - pardas lantejoulas
Ébrios requebros, demência em manada
Olés e vivas - aguardam estocada
Aficións improvisadas
Adrenalinas, mas mal filtradas
Cegas pela luz, pelo movimento
Aclamam sangue, horror, tormento!
Investe no alvo, focado em cegueira
Como o instinto do escorpião no touro
Que não sabe o que o move
Não vê o que o consome
E na fogueira deita fogo
Pelo impulso, pelo momento
Diz-se livre, solto - do vento
Guerreiro, peão
Frágil, portento
Mas sua natureza depressa o devolve
Onde o ballet
Onde o bolero
O pasodoble do vem cá que eu quero?
Onde a arte, o fundir na dança
A lide redonda dos corpos em graça?
Frenesim do desespero
O sol queimando, o pó nas gargantas
Mas a festa?
Essa o envolve
Essa o liberta e consome
Essa, que dure até às tantas!

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