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sexta-feira, abril 02, 2004

Fading

Insolente irrompe o mar num grito de expressão
Em policromias de movimento e imensidão
A revolver gradações de azul, que julga suas
Ignorando-se filtro de luz, espelho de luas
Espreguiça-se sobre a areia e empurra o céu com as costas
Sacode a espuma e suas mãos são rotas
Rebola e serpenteia, redemoinha a fina areia
Impávida e altaneira a rocha a tudo assiste
Sagaz - como padrão em forma de cruz
Sabe que o vai e vem é tudo o que existe
Sabe que o tempo tudo produz
Tantas marés por si passaram
Tantos destinos lá se afogaram
Só a esperança dos homens ainda persiste
Em recriar céus de luas cheias
Pejados de sereias a brilhar na luz
E o ritual das ondas vem chibatar a rocha
Desmesurado ímpeto de água em vem
Para logo em desmaio recuar, água em vai
Infligindo gemidos a cada investida
A gargalhar cascatas na rocha destemida
Arrepio dulcíssimo num fio de tempo
Solto em tropel, preso em momento
Como as mediterrâneas falésias ajoujadas
Em exuberâncias de sal - gordas e fartas

O sol em ocaso a mergulhar no mar, em grande plano
E a acender-se em alvorada no meu oceano

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