CORPOS - 3
Soldado
O corpo de serviço, carne para canhão
- engodo
Aprumos de farda, ballet de batalha
Mais um de entre mil, no redil
- logro
E no antro civil, se aguarda
Marchando sem cravos, cumprindo outros fados
Serviço imposto, não seu compromisso
Não sua a insígnia espetada no peito
Não sua a bandeira, nem bota, nem arma
A pólvora no rosto, as balas no riso
Levam-lhe o corpo, que abana, chocalha
Silêncio, que o vento
Em sofrimento se cala
Empasta-lhe o sangue, que gela, que pára
Sua a lembrança
Não o orgulho, nenhuma a esperança
De voltar um dia, vencida a agonia
Esquecidos os corpos, nus, rasgados, mortos
Ceifou-se uma vida, num clique, num ápice!
Que a pátria o lamente, as honras lhe empreste
Se limpe seu nome com lágrimas na lápide
O corpo é quem parte - invólucro, descarte
A memória renega, soldado, entregar-te!
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