É imperativo amar sorrindo
Aguardo as flores.
Vamos brincar amores
Como abelhas nos sobrados.
A seguir às dores
Reverdecem prados.
.................OU SEJA, UMA CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA....................................................................................................
Aguardo as flores.
Vamos brincar amores
Como abelhas nos sobrados.
A seguir às dores
Reverdecem prados.
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
[A nudez
será sempre a melhor forma
de nos cobrirmos.
Como ficar a fabricar flores
frescas nas tuas costas
se não com as polpas de dedos e lábios
a tecer espantos
de arrepios de espasmos?]
A pele texturada
de amores antigos sabe que
amar se faz amando em todos os planos
e todos os recomeços
são estreias sem estrias
e todos novos os enganos
dos sentidos.
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Acho que amadureci
No pretexto de te espremer os lábios.
Sei agora que a boca
É um contexto para fermentar o mosto
De cada um e todos
Esses frutos, vários.
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
[Acaso alguém controla
as fronteiras dos astros?
Como poder traçar perpétuos
no meu ventre
se o olhar desmente
e o infinito é fátuo?]
O meu espaço
sou eu que o traço
; bricobraço e peito em aço.
Limpa os beijos no tapete da entrada.
Trazes a língua ensanguentada
e rasgar
amor
desgasta.
Desfaz o tédio no meu corpo.
Tenho a alma em open space
e o seu nome é grace
; nada a exausta.
escrito por mjm às 02:00 0 coordenada(s)
Projecta o sopro para a tua voz, de novo.
O ar sempre indiciou o desejo do voo
E nenhuma ave se despenhou no medo.
A asa escreve o percurso do enredo
Mas também o som inaudível
Que se inscreve no trajecto do segredo.
A voz, isenta de razões, presa ao movimento
Desprende, se liberta, o pensamento.
escrito por mjm às 02:00 0 coordenada(s)
Não consigo matar os meus mortos
Permanecem na biografia dos dias
Sem tortura de pregos ensanguentados.
Vivem aqui, manietados.
Resgatados de uma paz que não os deixa
Mantê-los longe, tranquilos pela distância.
Acusá-los ou enaltecê-los
Sem se advogar poderem
Vivem da vida que lhes permito terem
Quer na memória que lhes limpa a história
Quer na irreal estatura por não perecerem.
Os meus mortos existem na cerimónia
Impressa pelas memórias
Incapazes de os esquecerem.
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Para quê mendigar
Beijos
Se dois lábios mentem unos
E dois mundos
Se dividem
Quando duas me abro em pernas?
Para quê mendigar
Pernas
Se dois mundos mentem lábios
E dois lábios
Mentem unos
Se dividida me dou em beijos?
Para quê mendigar
Mundos
Se duas pernas me abrem pernas
E dois lábios
Mentem com beijos
E unidos dividem unos?
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
as pombas todas
nos teus olhos
e os falcões
nas minhas mãos
. devorar-te
nenhum mistério de asas
rasga o voo
o horizonte
a queimar as pombas todas
nos teus olhos
. imolar-me
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Não me esquecem.
Não me deixam.
Ter memória e não saber
: se esquecer deixar
: se deixar esquecer
Sei que o dia a preto a branco
Esconde o detalhe da cor
: o céu azul, o mar azul
- os versos de amor, nem tanto.
Azul, se me esqueço.
Azul, se me deixo.
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
Ainda tenho demónios
Na solidão dos sonhos
Que se desencrostam
Das sombras da noite
E a sibilar se mostram
Espalmo o pensamento contra a vidraça
Uma estrela faria toda a diferença
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
não é a razão que procuro
se me vês aos círculos
é por seres tu quem gira
que eu fiquei parada
- quem pensa oscila -
até que entendas
a geometria do muro
nada circular procuro
apenas que escales as pedras seguro
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
cristalizado
o desejo
dura, a eternidade
um beijo
a pedra no peito
puro magma
assiste, metamorfose
a água
mineranimada
escrito por mjm às 09:00 cadernos: conceptual 0 coordenada(s)
as palavras
penduradas
na tua boca fechada
- não fazem falta
livre
leve
ocupa-a
a coser beijos
e a destruir casas
o silêncio
pelas ruas
sem desenhos de calçada
- nem morada
livre
leve
com os braços abertos
abraçada
- não querer mais nada
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
o dia traça rotas
em retortas de luz oblíqua.
o declínio
da linha deitada
é vertical mal olhada.
mudo a posição.
rectifico
o dia
até serenar no crepúsculo
que se encosta à tua boca.
depois
depois é desenhar estrelas
até ser madrugada.
e antes de adormecer
sonhar contigo.
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
Porque
se engasta o pensamento
no lado
errado do peito?
Ah! Hipocrisia das ciências!...
O escalpe em sangue a esticar no horizonte
e o coração a renovar segredos.
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
nunca me escondo num poema.
é o poema que me escolhe para o esconder.
e saem frases caóticas se estiver caótica.
e frases assemânticas quando estou neurótica.
e eu escolho-as criteriosamente até parecer que as estou a dizer.
por vezes parece um poema.
por vezes não há poema; é só dizer.
é que ele equilibra-se melhor do que eu.
agora, por exemplo,
tenho um poema alojado em mim
e eu mostro-me por não o saber dizer.
podia até escrever com isso um poema
que continuava a existir um poema enorme por dizer.
nunca lamento um poema.
apenas mostro que ele está escondido.
não eu, se o tentar dizer.
adoro sentir um poema e guardá-lo sem o esconder.
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
não acordes o amor
deixa que alise os dias
e soterre o cansaço
-
A brisa que sopra e agita as giestas
Muda as dunas num jeito de festas
Pendura amarelo na policromia do mar
Que o turbilhão do amor, ao passar
Muda a paisagem, as cores,
E temos os braços curtos para tanta orgia de amores
-
não o acordes
sossega o peito, as mãos frias
não tarda vemo-lo chegar
escrito por mjm às 10:00 0 coordenada(s)
leve
a linha
sobre
__________
sob
a linha
pesa
escrito por mjm às 09:00 cadernos: conceptual 0 coordenada(s)
não quero amar
não sei
só sentimento
errando a pele
é dor bastante
e nascem estrelas nos olhos
que duram mais do que o instante
em que me perco
a pensar
que amar é bem
não quero ver
nem pensar
não sei
se é medo amar
me encolho
que se me encontro
sob o teu céu de desencontro
reclamo a luz
que o céu não tem
- e a sombra, eu sei
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
O que eu queria
era preferir o poliéster aos fios orgânicos
as flores de plástico às imperfeições dos gerânios
Mas assim privar-me-ia
de poder amar o honesto em cada resto
e a eternidade seria um insucesso por cada dia
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)
experimenta
falar em carne viva
verás se tem nexo o teorema
quando a língua perde a memória
amar é um idioma que balbucio
e cada beijo erra um vocábulo
escrito por mjm às 09:00 0 coordenada(s)