Ilusão de óptica
Quem quer saber da minha alma !?
Por ventura alguém pára,
alguém espera para ver
o que se deve ao engenho,
o que se deve à arte de viver ?!
Como se nada me abalasse,
como se em mim não tivesse
a fraqueza de me partir toda,
de me desmembrar inteira,
como os outros!?
Recusam-me os desgostos ?!
Aligeiram-me a maneira !?
Ter, do levantar, aprendido o gesto,
fez de mim vencedora ?!
Continuo vencida,
caída no tapete da vida.
Do corpo, vêem-me a carne;
da alma, apenas a parte
que brilha, que voa, que arde!
Em mim não vêem pessoa,
que sofre, que ama, que sonha!...
No gesto, apenas coragem;
da arte, apenas aragem!
Que o âmago guardo para mim!
Reservo-me até ao fim,
até que preste o encontro,
até que morra no assombro,
até que fuja de mim!
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