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sábado, janeiro 15, 2005

Reprise

Lembras-te
Do quanto foste amado?
Sossega, corpo enciumado.
Devolve aos leitos desfeitos do passado
As margens do brilho que desenhaste
Nas ilhas das pupilas de outros olhos.
O que te deita não é fotogénico.
Que o desejo tem tantos planos
Que desafia a sinusóide.
Quem te olha e te devora
Não rouba a essência nem se demora.
Leva da pele apenas ardor.
Que o amor
Quando desarvora
Projecta na tela o leito sem dor.
A urgência é de afecto
Sem filme sintético
E sem marcar a hora
Para gravar o amor.

A reprise a sobrar é o sobrar da flor.

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