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sábado, maio 06, 2006

se é ave que canta...


não adianta
a recorrência sonora
qualquer ave canora
sabe
que o canto se faz
da sem-vontade
é uma espécie de grito
impresso no corpo
como a asa que
sabe
do voo
ainda que queda
no ninho piloso
o canto ness’ave
não sabe que
sabe
que é d’ave que canta
fá-lo somente
recorrentemente
somos nós quem se espanta
com a própria garganta

1 comentário:

Anónimo disse...

não somos só

"...nós quem se espanta
com a própria garganta"

não, não somos só nós. as palavras também se espantam. as palavras se espantam quando se percebem versos. não quaisquer versos. mas sim versos com algo mais, com um quê de diferente na própria substância do versejar. presente caso.