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domingo, outubro 23, 2005

Sombra

Queres ser o quê
De mim, que mal me sei?
Na base da nuca tenho uma estátua esculpida
Por mãos de saber tão pouco
Queres ser o quê
De mim, que mal existo?
Sujo o silêncio quando ensaio palavras
Agrestes para quem nada entende de devastação
E já nem morro porque mais não posso
Sabem-me bem as tuas mãos quando me traçam rectos os ombros
Mas isso é ser de mim o quê?
Esquadro que me projecta hirta entre a multidão dos homens pardos
Que fugiriam da ambiguidade das sombras
Não queiras de mim ser nada
Deixa-me anonimamente encostada à ombreira da porta
Que os escombros acabarão por derruir as estruturas mal desenhadas
E os ombros descairão flácidos dessa mesma posição
Tudo se renova excepto o nada de nada
E só és sombra entrelaçada no traçado do meu chão

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