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sexta-feira, setembro 30, 2005

tem_de

o poeta tem um animal de
estimação, um lugar que se enche de
ácaros, uma mancha de
luz, que entra pela janela de
sacada e se enodoa no tapete trazido de
um país que visitou numas férias.
o poeta tem provas de
existência, usa um nome de
baptismo sem relevância.
o poeta conversa, come comida de
lata com o prazo decalcado por letras de
um carimbo que o atesta.
o poeta dorme a sesta.
sempre que o poeta tem, há um de
que o comprova.
pela escrita o revoga.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Que parta!

Se a solidão quiser partir
Que parta!
Mas que saia da soleira da porta
E deixe entrar
A claridade que tapa

domingo, setembro 25, 2005

minha lucidez

quantas vezes
o teu sonho
é a minha lucidez
outras tantas, trocamos
e em cada vez
translucido
se o sonho suicido
sigo sonhando
o teu sonho
- lucidez

sábado, setembro 24, 2005

cadeira de baloiço

Se hoje não tenho uma hora preferida
É porque desmarcaste o combinado
Sento-me no lugar errado
Mas nunca perdida
Essa é a perfeita partida
Que a vida me traz
Sentir a tua ausência
Sem nunca haver despedida
E todas as horas vacilam
Para a frente
E para trás

terça-feira, setembro 20, 2005

almografia

quando o que escrever me leia serei não ser que peleja em cada letra escassa almografia em metáfora desformatada vazia
um ser ser que se volatiliza do registo sem letra sem poesia a ler me a escrita
a ler me escrita

domingo, setembro 11, 2005

Inventário


confiro
o nome e sobram
     l   e          t   r          As
se
s.o.l.e.t.r.a.r
a parte
amorfa

continuadamente

quinta-feira, setembro 01, 2005

apesar de tudo

árido o solo que eu piso.
como o teu.
apesar de tudo.
quase iguais de próximos
se tocam.
longos espaços de tédio o cercam. e vem
recorrente o sonho
daquelas mãos todas abertas
muitas. apesar de tudo.
acenam e pedem e afagam
e escrevem. muitas mãos
a pisar os nossos solos.
não sinto saudades do vento nos cabelos.
viva a brisa no meu peito. só isso.
pendulando
e amar. apesar de tudo. e amar.
apesar de tudo.