-la
pegar
num traço
de alma
espremê
-la e esquartejá
-la
mostrá
-la num poema
e depois rasgá
-la
.................OU SEJA, UMA CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA....................................................................................................
pegar
num traço
de alma
espremê
-la e esquartejá
-la
mostrá
-la num poema
e depois rasgá
-la
escrito por mjm às 01:00 cadernos: conceptual 0 coordenada(s)
Ser do ser um ente
Entre tantos
Sem saber
Com os anos
O que dizer
Sem voltar ao antes
Faz do dizer
Um modo antigo
De ter sido
Mas não é
Nem por instantes
O ser
O que havia de ser
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Acaso não entendas
O amor é idiomático
Depende de nuances de estilo
Sem nunca perder significado
Nem quando a língua que usa
Fala um outro imaginário
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Não há um único traço
Que risque inteligência
No amor
A abstracção é o risco
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Perante os factos
Pesa-se de memória os ensinamentos
Certos de poder com eles compreender
A trama ardilosa de vários momentos
Insucesso
A vida trama mentirosa
Ardila novos argumentos
E rende a tábua rasa tudo o que aprendemos
Surpreende
Devolve-nos rendidos ao presente
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
convicta
que o amor e a agonia
são frente e verso
esconde-se atrás do poema
a pena
escreve mágoa e alegria
dobra-se à dor
de um amor estranho
à luz do dia
milhentos versos
o constroem
existe e cresce em despudor
indiferente
aos olhos de quem o guia
usa da dor o mote
não da alegria
exerce o preconceito
mostra do peito
essa agonia
sustendo a pena
a pena da poesia
enaltece a dor mais do que devia
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
não tenho nenhuma
intenção
de te mover
quero-te quieto
poder escrever
o lado fátuo das palavras
escapar à nomenclatura
que acende significados
no teu corpo
só
escrever
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
eis o lugar onde o outro se abre
sereno e confiante como virgem
plasmada
o canto da terra sem céu por mantilha
ecoa no côncavo da
palavra
Trago estranhos nas mãos!
o artífice que talhou o gesto não sabe
que ainda aprendemos
os sentidos vários dos renascimentos
que entretemos
sem futuro o achado dos dias
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Escolher
dos acasos
um caso
será,
por acaso,
obra do acaso?
Por acaso,
não acho.
Mas
o acaso
não quer nada comigo;
apenas
me escolhe.
Por acaso?
De caso em caso,
propício
o acaso.
Quem escolhe?
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Dolência enroscada em sol
Alonga as horas
Mais tempo para passeares por mim
No cintel tranquilo
Da memória
Não tem pele, nem arrepio
Cheira a maduro
No Verão dos meus sentidos o dia é longo
Quando me aparto da canga
De outros sonhos
Estremeço Inverno
A míngua de um solo gasto
Pequeno o dia. Alimento exíguo, pele lassa
Ossos por ombros
Roda o cintel perdido
Da memória
Sem saber se volta o dia longo
Em que retornas novo
Sem retorno
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
do fausto lhe ficou
o pechisbeque
empobrecida a arca
rico o vivido
grita come back
ninguém o ouve
nobody knows
troçam do louco
enricam de arca
: comam chiclete
arrebitem infelizes
os vossos noses
sábio foi ele
o mother fucker
mais rico se sente agora
sem o mercedes
do que you às vezes
alapados nas facturas
presos à vida oca
e sem loucuras
he knows
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
Marcar encontro com a distância
Procurar aí os materiais da estátua
E perceber a robustez da perenidade
O cinzel na pedra a contar a mesma história,
A história a parecer ali completa
Sob as patas dos pássaros e sem marcas
Dos olhos dos olhadores
Marcar encontro com a distância
Dos olhos, os nossos e os do poeta
E só os pássaros a ver-nos a ver a história
Sabem que aquela estátua, próxima na sua distância,
Faz parte da perenidade da história que se conta
Vezes sem fim, materializada na obra inacabada do poeta
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)
se te acontecer
o amor
esquece
o tinteiro
as palavras
quero encontrar-me
menino
crente
que o carteiro
vem
vindo
e que não
vai
trazer mágoas
escrito por mjm às 01:00 0 coordenada(s)