.................OU SEJA, UMA CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA....................................................................................................

domingo, julho 31, 2005

Mín & mal #6


A
pena
de
vida
é
um
memorando
da
morte.

sábado, julho 30, 2005

Mín & mal #5


Curto
no
verso
o que
se
adivinha
ser
uma
longa
prosa

sexta-feira, julho 29, 2005

Mín & mal #4


Ao
explicar
o amor
metade
morre
ao dizer
e
outra
metade
se inventa

quinta-feira, julho 28, 2005

Mín & mal #3


Breve
é quanto
dura
o tempo
do
desconhecido.
Longo
o tempo
para
desconhecer.

quarta-feira, julho 27, 2005

Mín & mal #2


Se olhar
fixamente
o mar,
por muito tempo,
deixo de
o ver.
Podemos
ser cegos
com os olhos
parados.

terça-feira, julho 26, 2005

Mín & mal #1


Só é cedo
quando
não me deito
para
esperar
a aurora
e meu
o crepúsculo
quando
acordo.

segunda-feira, julho 25, 2005

A clarear

Escrever é organizar
Paisagens
Por vezes, interrogo-me
Como posso sobreviver
Ao breu da noite
Sem soçobrar
Na espera
De que amanheça

Desenhar caminhos
Onde me encontre
Onde também tu estejas
E conseguir
Não colidir nas rotas
Desviantes
Da comunicação

Quase me convences
De que o silêncio
É a nossa
Última morada
A casa onde
Sem luz nem som
Podemos enfim
Dialogar

sábado, julho 23, 2005

Insensatez

Se eu fosse sensata
Anotava os traços de céu sem lhes chamar
Firmamento e esquecia o óbice das pombas
Essencial
- céu sem bombas
Apodo morto
Celestial

quinta-feira, julho 14, 2005

Janela

O meu nome existe quando o
proferes. Só existo
quando me nomeias. Dito assim
na tua boca o meu nome
soa a pessoa construída.
Desvacilo em esferas
errantes por dentro do vácuo
anónimo da inexistência. Faz sentido
o corpo aos gritos; a geometria
da carne e nervos - e o céu é maior
do que o rectângulo em que
o capto
aqui da minha pequena janela.
Tudo existe. O meu nome existe
dentro do aro dos teus lábios - é maior
o meu nome quando o proferes
fica o céu pendurado
não há aro nem janela.

terça-feira, julho 12, 2005

A historiografar


(monólogos da memória)

Não me lembro já
- Quando foi que me esqueci?
Deixei-te
(Lembro agora)
Parado
No sítio onde te perdi
...
(Devia ter-me agitado.
O semblante carregado)
Foi então que apercebi
- Onde foi que me perdi?
...
Ah!
Tentava buscar-te
(A lembrar de me lembrar)
Mas fui escolher ao acaso
O vazio do teu lugar
...
(Sem querer, ficou gravado.
O vazio no meu olhar)



(monólogos da memória)

Olha,
vinha trazer-te verdades e retraí-me.
Mostro apenas o gesto que me ficou parado nos lábios.
Lê comigo. A expressão que não conheces
Também a não sei explicar. Lê-a
Conta-me o que vires.
Olha,
se me vires dentro desse gesto
Diz-me que regresse.
Tenho saudades de mim.
Cansada de andar encolhida a dizer
Nada.
Fazes-me falta.
Precisava saber-me em ti.

quinta-feira, julho 07, 2005

Sonhar jasmins

Será o sonho que comanda romper
escritas, métricas
Lançar gritos, inquietar poetas
Arrancar o que não
queima. O sonho oscila
naquele espaço
Onde nem tédio
nem cansaço condenam
tudo o que se ama. Sonhar
faz parte do refúgio
Enche de sons, pedra e búzio
E seca a mais pútrida
lama.Crescem jasmins
na dobra do leito
E o coração vibra
perfeito na condição que o sonho
emana

Sonhar liberta - jura o poeta
Empresta a paz a quem
se ama. Livre se evola, refaz,
retoma. Prende o meu verbo, solta-me
a fala. Nomeia
o jasmim que nunca se cala

domingo, julho 03, 2005

Pluriverso

Sem ti
E os dias rolam
- Como vês
Há equilíbrio
No universo -
Mas não neste verso
Sem ti
É a outra face
Equilibrada
- Um pluriverso -
E as noites que rolam
Sem fim

sexta-feira, julho 01, 2005

Água

Nunca mais digas
Água
Que me dás sede
É tão difícil
Resistir a
Água
Que seco no lago
Da tua sede de
Água
E as metáforas com
Água
São tão insípidas e incolores que
Água
Torna-se sem sede de
Água
Que dá sede
De ter dores

Ah
Água
Sede
A lavar amores