.................OU SEJA, UMA CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA....................................................................................................

quarta-feira, setembro 29, 2004

sensações

semicerro sinais
são ciclos que sei
e os sabendo os cicio
sussurros de cios
serenos, sensuais
sinistra sequência
sem sexo cerzido
ou sexto sentido
que salve silêncios
simples solfejo
sibilina sonata
salpicos sofridos
sem sabor a sal

segunda-feira, setembro 27, 2004

Amo, logo insisto

habita-me o hábito
da tua ausência
inscrito em fragmentos
mal aprumados de indiferença
Amo, logo insisto
repego pedaços
soltos ao acaso
sem acaso que convença
Amo logo, insisto!
desenho de cor
revendo esboços
da tua presença

sexta-feira, setembro 24, 2004

Tenção

pedes possíveis e respondo infinitos
ofertas lições e escrevo canções
pego sempre no que a ti te sobeja
não conheço a soberba nem sei a inveja
embora te veja planando num espaço
finito de amor, enleado em clamor
carente de abraços que somem pedaços
que tragam justiça além da cobiça
que dêem sentido ao que trazes nos braços

triste a sorte de quem perdeu o norte
a façanha maior de se ser o herói
da sua rua, pequena e tão escura,
que qualquer lampião fundido seria
tocha ardente, candeia de gente

mas medes os passos não pelo que sentes
por isso te auguram, almejam, asseguram:
a imagem perfeita da solidão futura!
também sei, porém, que te é indiferente

seguram-te estacas de ideias baratas
lealdade, a corrente; mas nunca evidente
perdido em abismos relevas avisos
não vá o futuro unir-se ao presente

quinta-feira, setembro 23, 2004

Tolda-se o céu de verão

Lentamente se pressente
A náusea da suspensão
Réstias quentes, derradeiras
Desse teu lado, as primeiras

Últimas, na minha aflição
Sereno s’instala o outono
Calor em pleno abandono
Em gesta de redenção

Deste meu canto poente
Se sente abrir a nascente
Alvorada em tua mão

Arrumam-se sol e maresia
Cai a noite mais vazia...
Tolda-se o céu de verão

sexta-feira, setembro 17, 2004

Na língua

Na língua existe um mundo
de palavras
em estio e cio
ou negras e obscuras
- gosto de as testar
e saber maduras.

Aglutinam imagens
que sugerem viagens
redondas ou pontiagudas
traçam tangentes
de sensações
- plenas permutas.

Na minha língua
descansam pedaços
de outras línguas
- estilhaços engastados
que se transmudam.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Para lá do que há

Para lá do que há se mostra o que é
O que é se esforça por parecer
No que há, detrito se apresenta
Descansa na espera de vir a poder
Ser visto para lá do ser
E ser o que parecer não pode
A imagem que se resolve
Projectada sem muro haver