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terça-feira, novembro 15, 2005

por culpa da lua

pensei
se vês a lua
quando te olhas por dentro
como a vejo eu aqui mesmo ao lado
distintamente a vimos ambos
sem a lua termos enquadrado
de como a vejo eu
pensei
parcos instantes
e quando a vislumbrei tão alheia a mim
entendi que sou quem muda
a cada instante
e ela alheia a tudo
como tu de mim
uso-a sem quase nada
dependurada ao peito como amuleto
desse compromisso
ela, porém, nada sabe
é ré por momentos
alheios a si
cíclica existe
como existem astros
que rodam, transladam cada qual per si
num conceito lácteo de regras e espaço
sem noção de um dia poderem ter fim
pensei
e por isso muito mais me afasto
dum ciclo ao qual ínfima pertenço
tal qual poalha
que não roga ao astro a magna importância
de um recomeço
pensei
se a lua que nos pertenceu
por sorte a vimos mesmo sem a olhar
não sabe ela sermos nós cativos
dela, pois que a submetemos
às regras de amar
há uma lua nova
em cada poema que parece igual
a cada um de nós, mas quem a retrata
cega, e, sem dilema
sabe que é diferente essa lua
em nós
por isso
pensei
rendê-la inocente
das fases que usurpo dessas faces dela
cedo a libertá-la deste meu poema
deixá-la ser lua e nós pó
sem ela

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