Whirlpool
Apoderou-se de mim um frenesim de - Mais! Quero mais!
Um pulo para a frente, logo outro para trás.
Movimento. Rotação. Espiral.
Sinto germinar um novo momento.
Começou a fermentar.
É a vida, sem pedir licença, a teimar entrar.
Cumpre-se a teoria do tempo;
O eterno retorno em movimento.
A rotação a gerar espirais de – Mais! Quero mais!
Bacanal dos sentidos sem pudor
Momento para reamar o amor
Redescobrir o bem de iluminar. Vem, me acende!
Me leva e me traz!
Tentação da vertigem, arrepio de 40 graus
Ritmos num tropel de carnaval
E a alma que grita – Não faz mal! Não faz mal!
Respiração suspensa no dilema
Lábios na avidez do beijo penitente
Na premência do abraço urgente
Caminhar desesperada e nua
Em refluxo de fantasias exóticas
No trópico da alucinação
Sovada pela estridência dos gritos de gaivotas.
Se as almas se encerrassem no limite dos corpos
Como poderia demorar a minha mão numa tua curva, a mais bonita?
Como poderia derramar-me sobre ti, na acalmia que sucede ao torpor?
Aplacar-te pelo peso do etéreo
Alma perlada de suor
Soterrada pela magnitude do efémero?
Estava sozinha e na cabeça só ouvia sirenes;
não havia nenhuma a tocar, mas é o medo que nos faz inventar alertas
É questão de permitir o desejo de desejar
Custa-me o gesto de escorraçar o dilema
Sopram-me ao ouvido memórias do que é sofrer
Fiquei presa no gesto já esquecido
De deixar o êxtase escorrer.
Sem comentários:
Enviar um comentário